Haréns Imperiais x Haréns Domésticos

Fátima Mernissi, no livro Nasci num Harém, estabelece a seguinte distinção entre dois tipos de hárens: Haréns Imperiais e Haréns Domésticos.

Haréns Imperiais: floresceram com as conquistas territoriais e a acumulação de riquezas das dinastias imperiais muçulmanas, começando com a dos Omíadas, dinastia árabe do século VII, sediada em Damasco, e terminando com os Otomanos, dinastia turca que ameaçou as capitais europeias desde o século XVI até que em 1909 as potências ocidentais depuseram o seu último sultão, Abdelhamid II e desmantelaram seus haréns.

Foram os haréns turco-otomanos que inspiraram as pinturas orientalistas. Palácios repletos de mulheres, escravos e eunucos existiam quando o imperador, seu vizir e os seus generais, etc., tinham influência e dinheiro suficientes para comprar centenas e por vezes milhares de escravos nos territórios conquistados e manter casas tão dispendiosas.

Haréns Domésticos: aqueles que continuaram a existir depois de 1909, quando os muçulmanos perderam o poder e os seus territórios foram ocupados e colonizados. Os haréns domésticos eram, na verdade, grandes  famílias sem escravos, nem eunucos e, em muitos casos, com casais monogâmicos, mas que mantinham a tradição da reclusão das mulheres.

Nos haréns domésticos pedia-se que às mulheres que se abstivessem de sair e não era imperioso que os homens tivessem várias mulheres. Não é a poligamia que o define como harém, mas sim o desejo dos homens de manterem as suas mulheres reclusas e uma família grande vivendo junto em vez de dividi-la em unidades nucleares.


Fonte: Nasci num Harén (Fatima Mernissi)


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