Egyptian Belly Dance in Transition: : The Raqs Sharqi Revolution, 1890-1930 (Heather D. Ward)

  Uma das melhores pesquisas realizadas sobre as origens da Dança do Ventre está no livro da bailarina e antropóloga Heather D. Ward (stage name: Nisaa)

Vou disponibilizar, aos poucos, trechos traduzidos desse trabalho excepcional.

Heather "conduziu exames aprofundados de evidências textuais, fotográficas e pictóricas primárias, bem como investigações in loco no Cairo, a fim de avançar no conhecimento da história e do desenvolvimento dessa fascinante forma de dança." 

(Descrição da Amazon.com)


Egyptian Belly Dance in Transition: The Raqs Sharqi Revolution, 1890-1930

Dança do Ventre Egípcia em Transição: A Revolução da Dança Oriental, 1890-1930

         (Tradução Livre de Trechos para fins acadêmicos)                      

Introdução: (Parte 1)


Embora seja impossível identificar a antiguidade precisa das danças awalim e ghawazi, a sua existência é narrada nos relatos de observadores europeus desde o final do século XVIII.


Savary, em carta do Cairo datada de 1785, descreve as awalim como uma classe estabelecida e celebrada de artistas, e vários autores oferecem relatos semelhantes sobre as awalim durante o período da expedição de Napoleão ao Egito, de 1798 a 1801. Esses primeiros relatos indicam que as awalim eram cantoras conceituadas, com domínio da poesia árabe e capacidade de improvisar versos e melodias na hora. Elas também eram mestras da dança egípcia nativa, embora geralmente só a executassem na privacidade dos haréns, ou aposentos das mulheres, das famílias egípcias abastadas. Vários autores destacam uma classe baixa de awalim que se diferenciavam de seus colegas de classe alta por sua propensão a se apresentar em público para a classe baixa egípcia e Villoteau refere-se a essas mulheres como ghawazi.

 

As awalim e ghawazi continuaram a ser uma fonte de fascínio para os ocidentais ao longo do século XIX, e os relatos descritivos deste período são abundantes. Talvez a descrição mais referenciada das awalim e ghawazi, nas primeiras décadas do século XIX, seja a de Edward Lane. Lane expande as primeiras descrições desses artistas e tenta traçar uma distinção mais clara entre awalim e ghawazi, enfatizando o papel das awalim como cantoras e chegando ao ponto de sugerir que apenas os awalim inferiores dançavam. No entanto, a irmã de Lane, Sophia Lane-Poole, escrevendo sobre entretenimentos no casamento real de Zaynab Hanim (filha mais nova de Muhammad Ali, o autoproclamado Kedive, ou vice-rei do Egito), indica claramente que as estimadas awalim (prestigiosas o suficiente para serem contratadas para entreter a filha do Kedive) também eram referidas como excelentes dançarinas:

   "Essas meninas foram sucedidas por duas Almées, as primeiras cantoras árabes do Egito; e a banda tocou algumas belas árias árabes; mas naquela noite as Almées não cantaram; elas apenas dançaram à maneira árabe, performance pela qual também são celebradas como as melhores" (Lane-Poole)

O relato de Lane-Poole, embora menos conhecido, é em muitos aspectos mais valioso do que o de seu irmão, uma vez que ela teve acesso a entretenimentos exclusivamente femininos, aos quais ele não teve.


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