As primeiras Almées (relatos do final do séc. XVIII)

Devemos ao francês Savary a primeira citação sobre a existência dentro dos haréns do Egito de musicistas que faziam músicas, cantavam, recitavam poemas e dançavam. Em 1785, Savary denominou essas mulheres como almées, termo que se reproduziu durante todo o século XIX e que é plural de alma, que significa erudita.



Nathaniel Sichel (German, 1843-1907)  – Almée

 Na maior parte dos relatos sobre esse período existe uma confusão sobre quem eram e o que faziam as almées e as ghawazee. Alguns europeus que visitaram o Cairo nesse período acreditavam que as almées cantavam somente e que a dança era realizada pelas ghawazee. Contudo, outros relatos esclarecem que as almées dançavam também e que a diferença entre uma alma e uma ghaziya é que as almées se apresentavam dentro dos haréns para um público estritamente feminino, enquanto as ghawazee dançavam nas ruas ou dentro de casas, sem se importarem com os olhares masculinos.
 
Outro detalhe é que as almées usavam véu e as ghawazee andavam descobertas. Sobre as ghawazee existem relatos a respeito da beleza de seus rostos e delicadeza de seus traços. Pertenciam a categorias profissionais diferentes, com características sociais e étnicas bem distintas. As almées eram artistas respeitadas e bem remuneradas, enquanto as ghawazee eram artistas de rua que descendiam de ciganos.

Clemens S. von Pausinger (German, 1855-1938) – Hidden Beauty

As almées se apresentavam para um público feminino rico e seleto, tinham uma formação erudita como cantoras e musicistas. Elas eram especializadas no canto mawwal.

Com a chegada dos franceses ao Cairo, em 1798, as almées deixaram a capital. Elas se recusavam a cantar para os homens estrangeiros, em especial para os soldados franceses. O entretenimento da cidade foi assumido pelas ghawazee, que eram pouco apreciadas e raramente convidadas para os eventos no interior das casas.

 

Fonte: POCHÉ, Chistian e HENNI-CHEBRA, Djamila. Les danses dans le monde árabe ou l´heritage des almées (p. 43-46 e p. 68 e 85)

Imagens: https://onokart.wordpress.com/category/orientalizm/page/8/


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